O Habbo 2020 tem causado uma atmosfera de ansiedade para os jogadores pixelados. Há quem não trabalhe muito bem com mudanças, e estão ainda na fase de digerir a informação que o tão amado jogo passará por sérias alterações; os usuários mais tranquilos e receptivos, estão cada vez mais animados e ansiosos com a chegada da nova interface — e é sobre ela mesma que iremos conversar.
Podemos dizer que o Hotel se desenvolveu de forma orgânica, os jogadores, por si só, já conseguem entregar um rumo para cada nicho do Habbo, como algumas categorias muito bem experimentadas por nós, seguindo exemplos de fã-sites, labirintos, central de modelos, polícias, RPGs, salas de bate-papo, quartos de trocas, jogos distintos, entre tantas outras opções disponíveis pelos corredores do Hotel. A questão é, hoje, desenvolver talentos (como construção, escrita, artes, comunicação, etc) e explorar novos campos é algo que não precisa mais ser 100% impulsionado pelos gestores do jogo, de pouco a pouco — e de forma natural — os próprios consumidores encontram propósitos diversos para passarem os seus dias. Ainda assim, é muito comum vermos falas como “o Habbo está morrendo”, “o número de jogadores interessados está cada vez mais caindo”, “em breve, a Sulake fechará as portas do Hotel” que, se vistas em uma linha reta, do ponto de vista unicamente de quem joga, não de quem participa de uma gestão, até podem fazer sentido, mas, com todas essas reformas e modificações, está longe de ser uma realidade.
ADOBE FLASH PLAYER E O EMPURRÃO PARA O MUNDO MOBILE: o desapego vem aí
O ano é 2020, o Adobe Flash Player está dando seus últimos suspiros e com um pé na cova (e outro também), pronto para dar tchau para o mundo e receber mensagens honrosas de agradecimento pelos seus feitos e blá-blá-blá. Muitos dos games já não faziam mais uso deste reprodutor, com exceção do lendário Habbo, que marca gerações com seus bonequinhos pixelados. De alguma forma, o jogo foi forçado a mudar e transicionar para uma perspectiva que ficou mais próxima de nós: o mundo dos games mobile.
A indústria de jogos voltados para smartphones está em ascensão, principalmente quando falamos em nomes bastantes conhecidos, como Free Fire, Among Us, Fortnite, PUBG, Call of Duty, que passam desde Battle Royals até jogos mais casuais. A popularização dessa forma de entretenimento pode ser dada tanto pela acessibilidade, uma vez que você precisa somente de um celular com internet, não mais um console ou pc caríssimo, tornando possível que classes mais desfavorecidas possam ter um lazer digno, e pelas novas carreiras que, hoje, possibilitam que você, com 15 anos de idade, seja como um rockstar dos anos 90, só que do mundo dos games.
Então, ficamos combinados assim: o Habbo foi forçado a mudar de “plataforma” e repensar em seus números; os jogos mobiles estão em ascensão e com um aumento cada vez maior em consumo. Entendeu a questão?
(Imagem: Quarto e perfil no Habbo 2020 / Habbo)
Assim que prints começaram a ser publicados em redes sociais, muitos internautas reclamaram da interface do Habbo 2020, entrando na discussão de que estava a cara do jogo para celular ou que os traços estavam mais grossos que o normal, perdendo a essência do mundinho pixelado e toda aquela nostalgia, sendo que era justamente essa a questão. Sites, hoje em dia, trabalham exaustivamente para serem responsivos e, com o Habbo, não seria diferente. Com essa chance de reforma, os gestores estão abrindo portas para que novos jogadores conheçam a comunidade, podendo baixar em uma loja virtual e, quando forem para o computador, vejam que é praticamente igual, sem ter que desvendar mistérios para entender onde fica aquele botão que, no celular fica na esquerda e, no computador, no canto superior direito. É entender que, no Brasil, 82% dos adultos e jovens jogam videogames pelo celular (fonte: NPD Group) e parar de nadar contra a maré.
(Imagem: Novo catálogo / Habbo)
Para os atuais membros da comunidade, é lógico que irei dizer que, no início da implementação, sentiremos falta de botões que entendemos ser importantes em nosso cotidiano, como a negociação, ver os amigos online e demais funções (inclusive, clique aqui para ver a notícia do vazamento do Habbo2020 Beta), mas que, com o passar do tempo, veremos que não são tão essenciais assim para a sobrevivência e que há milhares de outros setores a serem explorados, bastamos sermos criativos. Porém, acredito que podemos ficar acordados que, nessa nova fase, iremos submergir a um novo público, o que trará um ar rejuvenescedor a essa altura do campeonato. Estaremos lidando com jovens que estão a fim de fazer amigos e conversar e, se você estava se sentindo nostálgico, vou te falar: se tudo der certo, voltaremos aos tempos em que baladas ficavam lotadas e as pessoas só queriam dançar Hap-Hop por aí e falar “oi, quer namo?”, sem pensar essencialmente nas moedas por trás de promoções ou brigas por ego. A adaptação para os jogadores antigos talvez seja penosa, principalmente para os Fã-Sites (clique aqui se quiser ler o artigo de opinião sobre isso), mas acredito que tenhamos uma maré de novos públicos, o que, mais uma vez, dará uma nova cara ao jogo e reinventará a forma como usamos o Hotel para entretenimento.
EXTRA: opinião e desapego
Para mim, que estava relutante no começo dessa pandemia, quando fiquei sabendo dessa nova fase, da retirada dos pontos de conquista e todo aquele sofrimento, já estou mais do que pronta para encarar essa nova visão. Embalei minhas mobílias e já estou quase que totalmente desapegada desses comandos antigos que, por muito tempo, pensei que fossem cruciais para a minha sobrevivência virtual. Estou ansiosa para retomar a minha era divertida e, principalmente, abraçar os novos jogadores que estão vindo aí!
O que você pensa sobre o Habbo 2020? Está ansioso ou relutante? Comente!